Síndrome do bebê sacudido: sintomas, riscos e como prevenir

A síndrome é uma forma de abuso infantil que pode resultar em sequelas graves ou na morte do bebê

 

Em entrevista para Susana Targino, redatora do site Minha Vida, alertei sobre os perigos de sacudir o bebê de forma grosseira e abrupta. Infelizmente, esse é um problema causado por aqueles que deveriam proteger a criança. Por isso, esse artigo serve de alerta e conscientização. Faça uma boa leitura! 

 

O que é síndrome do bebê sacudido?

A síndrome do bebê sacudido, também chamada de traumatismo cranial por maltrato ou shaken baby, é uma lesão cerebral severa que ocorre quando o bebê é submetido à rápida aceleração e desaceleração. A maior incidência é entre bebês de 4 a 6 meses, mas também pode afetar crianças pequenas de três a quatro anos.

 

Causas da síndrome do bebê sacudido

A síndrome é causada num contexto em que a criança, normalmente devido a um choro inconsolável e prolongado, é agarrada pelo cuidador e sacudida vigorosamente. O responsável é mais frequentemente o pai, seguido pelo padrasto e mãe.

 

Quando o bebê é sacudido com força, a superfície cortical do cérebro se desloca e se desprende do crânio e da membrana envolta dele, chamada de dura-mater. Nesse processo, podem haver diversas lesões teciduais e vasculares – como hematomas, sangramento e edema.

Segundo Patrícia Consorte, pediatra e especialista em nutrição materno-infantil, a hemorragia intracraniana pode levar ao aumento da pressão dentro da cabeça do bebê, ocasionando os sintomas da síndrome.

“Esse tipo de hemorragia pode ser observado em outras situações como trauma, tumores, dentre outros. Mas, raramente esses achados combinados serão encontrados em outro contexto que não o de o bebê ter sido chacoalhado”, esclarece a pediatra.

 

Fatores de risco

Os principais fatores de risco para a síndrome do bebê sacudido estão relacionados ao contexto e ao ambiente em que a criança está inserida. O problema tende a ser causado mais por homens, normalmente o pai ou cuidador.

Desse modo, os fatores de risco incluem:

 

  • Expectativas criadas e não supridas em relação ao bebê
  • Situações constantes de estresse
  • Consumo e abuso de bebidas alcoólicas e substâncias
  • Violência doméstica
  • Ansiedade e depressão
  • Situações familiares instáveis
  • Pai ou mãe com histórico de maus tratos na infância
  • Pais jovens ou solteiros.

 

Sintomas da síndrome do bebê sacudido

A criança vítima da síndrome do bebê sacudido raramente apresenta sinais de lesão física, como hematomas. Em algumas situações, é possível observar o rosto machucado e hemorragias nos olhos do bebê. Porém, na maioria das vezes, é um problema que se desenvolve de forma silenciosa.

Os pais podem observar outros sinais e sintomas que caracterizam a síndrome. Segundo Consorte, são eles:

  • Distúrbios de alimentação, como vômitos e recusa alimentar
  • Confusão mental ou irritabilidade
  • Sonolência
  • Parada respiratória
  • Crises convulsivas
  • Déficits motores
  • Fraturas de costelas, ossos dos braços e da calota craniana
  • Edema cerebral
  • Hemorragias cerebrais
  • Hemorragias na retina
  • Choque e coma, podendo evoluir para óbito.

 

Como é feito o diagnóstico

O diagnóstico da síndrome do bebê sacudido é realizado inicialmente através de uma anamnese, além de um exame físico, em que o especialista pode encontrar déficits neurológicos na criança.

“Sempre deve ser levantada essa hipótese [de SBS] em bebês pequenos saudáveis que evoluíram subitamente com alteração do nível de consciência”, aponta a pediatra Patrícia Consorte.

 

Como é feito o tratamento

De acordo com Patrícia Consorte, a internação em unidade de terapia intensiva para controle dos sintomas neurológicos normalmente é necessária. Muitas vezes, é preciso intubação e ventilação mecânica até a melhora no aumento da pressão intracraniana.

“Dependendo da extensão do agravo, o bebê pode ter sérias sequelas neurológicas como atraso no desenvolvimento neuropsicomotor”, acrescenta a pediatra.

 

Sequelas da síndrome do bebê sacudido

A síndrome do bebê sacudido exprime um mau prognóstico que se correlaciona com a severidade das lesões. Mesmo os casos mais leves podem resultar em danos irreversíveis ao cérebro da criança. Inclusive, a mortalidade é de aproximadamente 30% dos casos. Das vítimas que sobrevivem, de 30% a 70% podem apresentar sequelas neurológicas graves.

 

As principais sequelas incluem:

  • Cegueira parcial ou total
  • Atrasos no desenvolvimento
  • Problemas de aprendizagem e comportamental
  • Deficiência intelectual
  • Transtornos convulsivos
  • Paralisia cerebral.

 

Prevenção

 

Como evitar a síndrome do bebê sacudido?

Como a principal causa do problema são os movimentos bruscos do corpo do bebê, é primordial que os pais conheçam os riscos dessas práticas e, em situações de estresse ou choro inconsolável, mantenham a calma.

“O alerta que fazemos é, muitas vezes, durante choro intenso e exaustão, tentando acalmar nossos bebês embalando, podendo não notar que o movimento feito está muito intenso”, alerta Patrícia Consorte.

O choro é a única forma do bebê de se comunicar e mostrar que está incomodado, seja por sono, fralda suja ou sede. Por isso, acolhê-lo e tentar encontrar a causa é o melhor caminho para acalmá-lo e, consequentemente, evitar problemas como a síndrome do bebê sacudido.

 

Como manejar corretamente o choro do bebê?

Buscar a causa do choro do pequeno é o primeiro passo para acalmá-lo. Verifique se a fralda está suja, se ele está com fome ou se a temperatura está adequada para ele. Caso essas não sejam as causas, o bebê pode simplesmente estar cansado.

Nesses momentos, é importante que os pais contem com uma rede de apoio, seja de familiares ou amigos – a fim de tornar a experiência de criar um bebê mais prazerosa e saudável.

 

Como notificar o abuso infantil?

No Brasil, o Conselho Tutelar e o SINAN (Sistema de Informação de Agravos e Notificação) são os órgãos que devem ser notificados em caso de violência infantil ou suspeita. Para violências contra meninas ou mulheres, Disque 180.

 

Referências

Todos os créditos vão para Susana Targino, escritora do blog Redação Minha Vida, publicado em 27/12/2021.

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